ESPECIAL VAQUEJADA

 Por: AMAURY CARNEIRO

A derrubada do boi na faixa
 
VAQUEJADA É ESPORTE RADICAL PURO. 

              Um canto amargo, saudoso, que viaja no vento e atravessa o coração como uma flecha. É assim o aboio do vaqueiro tangendo o gado no meio do mato, em qualquer região do nordeste.
 Esse canto conta histórias e lendas. É um relato real de aventuras e do trabalho na lida de todos os dias nas fazendas em todos os estados da região. A mesma lida que provavelmente fez surgir o mais viril e vibrante esporte do homem do campo: a Vaquejada. A prática é tipicamente nordestina. Pode-se até dizer que foi um trabalho que virou diversão. Os relatos mais antigos registram que começou a surgir por volta dos anos 40 quando os vaqueiros faziam demonstrações públicas de suas habilidades com o trabalho de manejo do gado.


Nas fazendas de antigamente, o gado era criado solto em capoeiras e caatingas. A cada temporada ou fim de estação, os fazendeiros organizavam o que eles chamavam de “pega de boi”. Uma festa onde se reuniam todos os vaqueiros da região para pegar o gado que vivia na solta e que seria marcado a ferro, castrado e conduzido para áreas onde os pastos existissem em maior abundância. Essa tarefa era difícil. Os animais viviam em áreas de mato fechado, cheias de espinhos e galhos secos. O exercício de capturar o boi no mato exigia do vaqueiro extrema perícia e coragem.

 
O trabalho que exigia perícia acabou criando heróis e muitas lendas entre os homens rudes do campo. Os melhores e mais corajosos eram reverenciados como ícones. A “pega do boi” começou a ganhar nova roupagem e sair do meio do mato para chegar às cidades onde ganhou platéia e seguidores. Em vez de correr no meio do mato os vaqueiros passaram a correr em pistas delimitadas. Um curral, um brete, uma porteira estreita conhecida como mourão e uma faixa de terra com cercas paralelas e areia fofa para facilitar a vida de cavaleiros e animais. No início vencia quem derrubasse o boi, puxando pelo rabo, mais próximos do jiqui. Atualmente, é mais elegante. A dupla de vaqueiros corre por uma extensão de 110 metros e derruba o boi numa faixa demarcada por linhas paralelas feitas de cal. Além disso, as pistas ganharam infra-estrutura de bares, restaurantes e locais para realização de shows.
A festa ganhou tanta importância que foram criados torneios regionais e estaduais. Em Paraibano, por exemplo, a Vaquejada está sendo realizada pelo 26º ano, ou seja desde 1985. Uma competição disputada com a presença de vaqueiros que chegam de vários recantos do país. A empolgação com a vaquejada é tanta que em cada festa podem ser reunidas mais de 100 duplas de vaqueiros que disputas prêmios valiosos em dinheiro e as vezes em bens.

O mais interessante, no entanto, é o poder de gerar negócios que a vaquejada conseguiu promover, atualmente. Só em Paraibano-MA, a Vaquejada gera uma média de 230 empregos diretos. Se forem considerados os números gerados pela montagem de estruturas, bandas, bares e restaurantes esse número pode subir para mais de 400 empregos diretos.

Para falar em dinheiro, o cálculo é difícil, mas pode-se prever que a vaquejada movimenta entre premiação e atividades ligadas ao evento, cerca de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) durante todo o período em que a festa é realizada.

E não se pode dizer que não é uma festa popular. Paraibano chega a receber cerca de 10 mil pessoas para assistirem as corridas, os shows e aproveitarem melhor o ambiente de feira criado no entorno do Parque. Segundo o cálculo dos organizadores da vaquejada são consumidos em cada vaquejada 12.000 litros de cerveja; 5.240 litros de refrigerantes e mais de 3.000 litros de água mineral. Esses dados podem variar a cada ano.

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